O Reino da Utopia

Num longínquo Pais o Ditador enfrentava o crescimento da Oposição...

Revoltado, chamou seus assessores, em busca de solução...

Várias fórmulas foram relacionadas. Até que um louco qualquer grita ao fundo...

- Faremos uma eleição!...

Silêncio. Revolta geral. Coisa mais antiga.

- Claro!... Daremos ao Povo a Ilusão de estarem escolhendo. Manipularemos as Urnas e elegeremos um boneco. Ele aparecerá como Rei, mas nossa eminência, magnitude e incomparavel senhor continuará mandando!....

Surpresa. O Ditador gostou.

Simpatia generalizada à idéia surge do nada. Quando o chefe gosta. Puxa sacos adoram.

Aplausos.

Dúvidas...  Como seria? Quem disputaria pelo PT (Partido do Tirano)?

Não poderia ser o Cunhado do Ditador. Esse homem é turrão e não se deixaria manipular.

- E a Prima Marinha? – Nem pensar. Ela é idealista.

- Quem então?

O Ditador, como sempre muito criativo, vê aquela senhorinha servindo café e a chama.

Assustada e sem ousar olhar direto nos olhos do amo e senhor, a pobre se aproxima.

- Pois não meu Deus!...

O prórpio Ditador se constrange com a comparação.

- A senhora me chamou de deus?

- O Senhor é o único Deus que eu reconheço e respeito.

O Todo Poderoso gostou, mas aconselhou a ela para não falar tal verdade em público....

Ele a trata com a suavidade, encontrada só quando o assunto é de seu interesse.

- Faz muito tempo que você trabalha no Palácio?

- Estou aqui desde o dia que o Senhor assumiu o Trono, meu Senhor.

O Ditador explodiu em alegria.

- Encontrei minha sucessora.

Ninguém entendeu nada.

Zé Teseu, o único com alguma influência sobre o poderoso líder, ousa questionar.

- Mas meu senhor!... Essa pobre só tem preparo para cargos menores e ninguém a conhece. Como faremos para elegê-la.

O Ditador expõe seu plano.

- Os meus seguidores comem na minha mão. Compram tudo o que eu digo como verdade absoluta e sem procurar questionar ou pesquisar sobre o assunto.

Igual a ela, consideram-me um Deus e eu sou. Nosso país é no deserto. Só existe um rio. O calor é intenso e eu dou um picolé por mês para cada pobre. Assim, enquanto chupam, esquecem a realidade que vivem.

Os opositores, esses miseráveis que gostam de ler, irão contestar a indicação, mas façamos o seguinte.

De um banho de boutique nessa pobre. Faça-a decorar tudo o que eu mandar. Ela não precisa pensar. Basta repetir.

Inclua no discurso que quem criou o deserto foi o Rei anterior. O rio surgiu graças a mim e com a ajuda dela.

Diga também que os picolés só foram  distribuídos, porque ela me pediu.

Não façam economia. Joguem propaganda por todo Pais. O Povo é idiota. Garanto que, em poucos dias, surgirão babacas afirmando que a conhecem a anos e sabem ter sido de suma importância para a felicidade do Pais...(Risos)

Faremos a eleição daqui a dois anos. Daqui por diante, toda decisão palaciana terá a  assinatura dela...

- Mas senhor!... Ela é analfabeta e ignorante!...

- Mas e dai?... Eu também sou e cheguei a Rei. Voce esquece que o Povo daqui é provinciano? Precisa acreditar em milagres e num líder que irá adotá-los. Dando-lhes chances de comer, sem precisar trabalhar pela comida....

Apoiando a Utopia, eles se consideram Intelectuais Filantrópicos. Forma encontrada de amenisar remorso. Na prática não fazem nada por ninguém e só pensam em seus umbigos...

Gargalhadas ecoam por todo o Reino....

Ao longe dois pobrezinhos ouvem a sinfonia da felicidade, enquanto chupam seu picolé de gelo, misturado com amostras de groselha!...

- Po mano!... A Corte tá Feliz!...

- Tão cuidando de nóis... Nosso rei é o Cara!....

- O meu picolé tá acabando...

- Nóis chupa esses e depois sai pra roubar alguns....

E Assim o Mundo Gira e o reino do Faz de Contas se Afunda.

O Final dessa História contarei dia 31/10/2010.