Mesmo os voos solitários chegam em algum lugar. Façamos de nosso Pais a Terra que sempre sonhamos viver...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Jão Paulo - Vergonha Brasil


Voltava pra casa, depois de um cansativo dia de trabalho.
Fazia frio em São Paulo.
Fim de tarde típicamente de outono. Mais para Londres do que para Rio de Janeiro.
Dia comum. Daqueles que não entram nos nossos melhores momentos. Não fosse ele.
Aparentava a minha idade. Se bem que poderia ter bem menos...
Trajava roupa surrada. Imprópria para a temperatura.
Do seu corpo fluia um aroma desagradável. Nada que duas horas de chuveiro não pudessem resolver.
Parado em frente ao portão do meu prédio, aproveitou-se da minha obrigatoriedade de entrar por ali..
Aproximou-se e perguntou se eu tinha R$ 1,00.
O porteiro logo veio em minha defesa.
Disse-lhe para não se preocupar.
Normalmente eu  não daria ouvidos a um pedinte, mas com ele senti algo diferente.
Perguntei.
- Pra que tu queres dinheiro?
- Prá comer Tio.
Não tinha aspecto de drogado ou de consumidor de alcóol. Poderia estar falando a verdade.
- Qual o teu nome? - Perguntei.
Desconfiança deflagrada.
- Porque o senhor quer saber? Não sou bandido, Chefe?
Tratei de acalmá-lo.
- Se eu pensasse que fosse, não ti daria conversa.
Inssisti.
- O que tem falar o nome? É segredo?
- Não Senhor... Me chamo Jão Paulo.
Perguntei novamente. Repetiu e era isso mesmo. Jão... Nada de João.
Indaguei se não sentia frio, com aquelas roupas...
Resposta resignada.
- A gente se acostuma. É o jeito.
Pedi que aguardasse.
Fui em casa. Voltei com uma blusa velha (mas quente e limpa), tres bananas, uma maçã e meia dúzia de sandwiches (Pão de forma, salaminho, queijo e margarina). Acomodados numa sacola de Loja de Shopping.
Percebi o espanto e a gratidão.
Logo vestiu a Blusa.
Sobrou um monte. Prova assustadora do quanto engordei.
Olhou o interior da sacola. Agradeceu e saiu andando.
Fiz questão de chamá-lo. Entreguei-lhe R$ 10...
Saiu feliz devorando os "sandubas" e eu ganhei o dia.
Não que imagine ter feito muito. Na verdade fiz muito pouco e, se pensarmos friamente, não seria eu o responsável.
Quem deveria cuidar dos Jãos Paulos, são os eleitos pra isso.
Mas estavam ocupados. Tentavam decidir qual o Lobby mais lucrativo e definir a nova peça obrigatória a ser imposta para nossos carros...
E Assim o Mundo Gira e o Brasil se Afunda.

2 comentários:

  1. Não é evidente (réagir/reaccionar) em frente dos que têm fome, ou se encontram na necessidade este não é uma pergunta de solidariedade, nós tenham /plus confiança… você ousou tomar uma decisão e ajudar este homem e felicito-os. E tem razão é à o estado de velar sobre estes cidadãos. Apresento-me, eu me chamo Claudia e caí sobre o vosso blog por azar. Não sei falar a vossa língua, perdão para as faltas de ortographe/ortografía, Bom dia

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  2. Para mim foi uma sorte. O dominio do idioma perde a importância, diante da mensagem

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